O valor da brancura: considerações sobre um debate pouco explorado no Brasil

Resumo

Este artigo se insere no campo de debates a respeito das desigualdades raciais e tem por objetivo analisar aspecto pouco tratado em estudos brasileiros: as concepções construídas a respeito da brancura. Para a consecução desse objetivo, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com dez professores da educação básica, autoclassificados negros ou brancos, em que se buscou apreender o que significou “ser branco” em suas trajetórias de vida. As análises revelam que a brancura é encarada como um ideal ético, educacional, estético e econômico a ser alcançado pelos sujeitos, idealização construída com base na depreciação de outros grupos raciais, notadamente o negro. Conclui-se que as discussões atuais sobre uma educação antirracista podem contribuir para a desconstrução dessa idealização.

Abstract

This paper lies in the field of debates regarding racial inequalities and is aimed at assessing an aspect dealt with rarely in Brazilian studies: conceptions built in relation to whiteness. To fulfill this aim, semi-structured interviews were done with ten primary school teachers who self-identified as black or white. These interviews sought to understand what “being white” meant to their life histories. Analyses showed that whiteness is seen as an ethical, educational, aesthetic and economic ideal to be achieved by the subjects; it is an idealization built based on depreciation of other racial groups, especially blacks. The conclusion was reached that current discussions on anti-racist education may contribute to deconstructing this idealization.